quinta-feira, 19 de abril de 2007

Um mochileiro pelo mundo.

Arquivo Pessoal -
André em visita a Itália.
Por Lú Alessandra

Sabemos que viajar é sempre bom, contudo como será realizar uma viagem no estilo mochileiro?
Para saber mais sobre este assunto vamos falar com André Christian Leme Rieckmann. Um jovem jornalista de 25 anos que decidiu mudar sua vida e dar a volta ao mundo com muita coragem e acompanhado de uma mochila. Como ele está na China, nós trocamos e-mails e assim ele nos forneceu as informações e esclareceu algumas curiosidades.
Acompanhe:
"Parece ser divertido viajar pelo mundo, assim como eu faço, mas muitas vezes há muitas surpresas desagradáveis que você pensa em largar tudo e voltar pra casa. Lú vou responder seu e-mail, assim vou tirando suas dúvidas e se eu puder te ajudar mais pode contar comigo. Porém vou responder suas perguntas comendo uma coisa que há muito tempo não como, Doce de leite!!! Consegui os ingredientes pra fazer aqui na China!!! Uma das coisas que me faz muita falta é a nossa culinária. Nossa que saudade de tudo o que comemos no Braza!!! Bom deixa eu começar..."
LA - De início gostaria que você me dissesse o porquê ter escolhido fazer turismo mochileiro?
AR- Por eu não ter muita grana pra fazer uma viagem desse porte, o turismo mochileiro caiu como "pára-quedas" na minha vida. Sabe, fazer um turismo tradicional, pegando uma agência de viagem, você conhece novos lugares, mas não conhece na verdade nada. Pra mim, mais importante do que o lugar é a história, a origem e cultura daqueles que habitam lá. Viajei o Brasil quase que todo (19 estados dos 26 que temos), porém na verdade, se for realmente ver, digo que estive em quase todo o Brasil, mas não conheço nada a fundo, conheço muito pouco o nosso país. É muito importante antes que saíamos do nosso país, que conheçamos um pouco dele (opinião totalmente minha). Ir à Europa passar férias e uma delícia e muito fácil, agora ir pra quebrar a cara, como eu fiz, arrumando uns "black jobs", e tomando muito balde de água fria na cabeça, isso sim que é viajar pra mim.
LA- O que mais te influenciou nesta decisão?
AR- Havia acabado de voltar de uma viagem de 20 dias pelo nordeste do Brasil com minha namorada, e depois de voltar e ver que as coisas em São Paulo (Hell city) continuava igual e eu sem ter nenhum reconhecimento profissional, resolvi mudar minha vida. Um grande amigo meu havia acabado de voltar de uma trip pelo mundo e ficou me colocando "pilha" para que eu fizesse uma viagem como a dele. Eu impressionado com as suas aventuras, tomei coragem e em 10 dias eu joguei tudo pro alto e fui. Aluguei o meu apê, pedi demissão do trampo, terminamos eu e minha namorada e depois de 2 meses em que estava na Europa, meus pais venderam o carro, pois até então não acreditariam que daria certo a minha viagem. Peguei toda a grana que eu tinha na época e consegui comprar uma passagem pra Itália e mais $200,00 euros, e foi esse todo o dinheiro que eu tinha. Não falava nada de italiano, somente o português e o inglês. Ai foi chegar e quebrar a cara, aceitando todo tipo de trabalho que lhe oferecem, tomar uns calotes e etc... uma experiência que só se aprende vivendo.
LA- Você teve o apoio da família ou em algum momento eles lhe impuseram dúvidas se daria certo?
AR- Minha família, assim como tudo em que eu faço, me deram uma grande força. Porém não acreditaram que o meu estado emocional suportaria uma viagem desse tipo, sem amigos ou parentes por muito tempo. Teve tio meu que apesar de desejar sorte, via-se na voz a certeza de que eu falharia no meu objetivo. No entanto estou ai, viajando a mais de um ano e conseguindo dar a volta ao mundo, como eu planejei. Meus pais sempre me ajudam com algumas coisas que preciso no Brasil, na administração de meu patrimônio (apartamento e contas no banco), além de sempre me dar um apoio moral por e-mail ou telefonemas, que pra mim é muito importante. Eles e meus amigos me ajudam a vencer meu maior inimigo: a saudade e a solidão.
LA - Qual é o seu objetivo maior nesta viagem?
AR- O objetivo em que fiz essa viagem, foi um objetivo pessoal de conhecer o mundo com os meus olhos e não pela televisão ou livros. Você pode ver excelentes documentários sobre determinado lugar, no entanto é muito diferente de você estar lá, viver, conversar, escutar... sentir. Legião urbana falava "Nos deram espelhos e vimos um mundo doente", porém eu vi que o mundo não está doente e sim ele está cheio de pessoas doentes, mas ele continua lindo e maravilhoso! Conheci lugares lindíssimos como a Croácia, por exemplo, que muitos de nós nem sabemos onde ela está no mapa e no entanto me decepcione um pouco com a França, que apesar de ser a capital do turismo mundial, o francês que lá habita E NÃO VIAJA tem uma mente fechada e não sabe como lidar com os estrangeiros. Apesar da minha viagem ser longa, há muitos lugares por ai que ainda faltam ser explorados como o norte da Ásia ou a África, que tem lugares muito bacanas de se ver e eu acabei não tendo a oportunidade de conhecer. Talvez um outro ponto que eu gostaria de ver e vi é que se você quiser fazer uma viagem ao redor do mundo, você não precisa ser nenhum milionário, basta ter disposição e um sorriso no rosto para poder driblar os problemas que aparecem. Dinheiro se torna um mero detalhe.
LA - Há quanto tempo está fora do seu país? Quanto tempo acha que vai durar sua viagem? Tem prazo estipulado?
AR- Há 21 meses. Sinceramente eu não sei. Quando sai do Brasil disse que a minha viagem seria de no máximo 12 meses, e já estou quase que o dobro do tempo. Há momentos em que você deseja que termine dali 2 dias, mas acontece alguma coisa que você muda de idéia e quer que dure mais 1 ano. Tudo depende da situação em que você se encontra e do momento. Planos de término, se tudo der certo, até Agosto ou Setembro gostaria de estar de volta.
LA- Quais os recursos que você utilizou para concretizar esse tour?
AR- Primeiro a vontade, seguida de determinação, bom humor e um sorriso no rosto. Esses foram os recursos. (Se for grana a pergunta, está integrada na próxima resposta).
LA- E financeiramente, como se mantém?
AR- Como disse, a grana que eu tinha quando comecei não deu pra muita coisa. Trabalhei por 8 meses na Itália, 5 na Alemanha, fiz uns bicos na Turquia e algumas ajudas como presente de aniversário e Natal que minha família me deu. Muito da minha viagem eu fiz na base da carona, o que deu para economizar bastante, além de fazer amigos pelo mundo, onde muitos deles te oferecem até casa para você ficar economizando em hotel e fazendo amizades.
LA - O que nunca pode faltar na mochila?
AR -Nessa viagem, onde você tem uma mochila pequena como a minha (30 litros) tudo o que você olha, você acha necessário e quer levar, mas logo você pensa 2 vezes e vê que aquilo não é realmente necessário. O que não pode faltar é 1 calça e uma camiseta!! (risos...).

Espero que esteja gostando da troca de idéias com o André, mas para que não fique cansado de ler e pra deixar um gostinho de "quero mais", a entrevista continua no próximo post...
A gente se fala em breve!