quinta-feira, 3 de maio de 2007

Filosofia mochileira








Arquivo pessoal de Daniel Chagas.
Pôr do sol em Piriapolis/Uruguai.

Por Liana Carolina

Para ser mochileiro querer é importante, mas estar bem informado sobre como fazer uma viagem nesse estilo, é fundamental.
E esse é o nosso principal objetivo, não só despertar em quem lê este blog fazer parte dessa filosofia mas principalmente entendê-la e se informar.
Você pode ter percebido que no final da página existem alguns links de dicas de sites que escolhemos por serem os mais completos sobre o assunto e que servem como apoio. Esses são apenas alguns, se fosse fazer uma pesquisa no Google com a palavra "mochileiros" , verá que existem 116.000 resultados, no Orkut, 159 comunidades, e no Youtube 28 vídeos, esses dados são atuais, até a data desta postagem, pois eles aumentam a cada dia.
Usando o Orkut como referência, a comunidade Mochileiros é a que mais tem integrantes, 128.125 membros. (
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=39587)

Foi numa das comunidades do Orkut para mochileiros que conheci o Daniel Chagas, um rapaz de 25 anos, natural de Porto Alegre/RS, profissional de informática (administração de rede).
A conversa foi por troca de e-mail´s e recados no Orkut.

Ele me contou que a primeira vez que ele mochilou, foi aos 14 anos, quando foi para o Uruguai e ficou por quase 4 meses, morando dentro de uma Belina com um tio. Foi desconfortável, mas achou uma grande experiência , pois conheceu grande parte do litoral Uruguaio (praticamente desde Chuy até Montevideo. Visitou uma centena de Praças Artigas (como são conhecidas as ruas, avenidas e tudo mais. Artigas foi um herói uruguaio, um líder de libertação. Toda cidade, toda mesmo, sem exceção, tem uma rua e uma praça chamadas Artigas). Ele até brigou (apenas verbalmente) com um Argentino que disse a ele : "quedarme esperando un rato" e o Daniel respondeu "mas que diabos de rato tu tá vendo tchê???". Depois, ele ainda conheceu várias cidades de Porto Alegre e Florianópolis, usando uma bicicleta como meio de transporte e sua inseparável mochila. E como um mochileiro experiente, ele me passou essa lista de dicas úteis:

“Começando pelos cuidados básicos, (que creio serem básicos mesmo!) os quais praticamente todos já devem saber:

  • Já cantavam os Titãs: Não confie em ninguém com mais de 32 dentes.
  • Não ostente nada de valor. Não ostente aquilo que você não é. Eu vejo muita gente que vai viajar e fica se papagaiando "que trabalha como diretor de tal coisa, que ganha sei lá quantos mil, que tem carro tal, etc etc etc", daí, o coitado toma um "tufo" daqueles e se ferra. Eu quando vou viajar, sou só um cara que trabalha com informática, que adora o mar e gosta de fotografia... sem maiores detalhes.
  • Leve sempre o mínimo: Em geral, mesmo o mínimo tem um pouco (ou muito) de desnecessário. E convenhamos: Carregar peso no lombo é um pé no saco!
  • A câmera é sua amiga, sua esposa, sua confidente. Nunca separe-se dela, nem por um segundo... Às vezes, o fato dela ter ficado na barraca pode gerar dois problemas: Perder um momento único (aquele pôr do sol ou aquele siri esquisito na beira do mar), ou a situação pior, que é de alguém "não convidado" pegar ela emprestada eternamente... Tudo o que um viajante deve trazer são lembranças... E lembranças são fotos!
  • Ao pedir informações, nunca (nunca!) confie logo no primeiro. Agradeça gentilmente e pergunte para mais umas duas pessoas... Infelizmente, existem os tipos que dão informações erradas para armar "emboscadas" com turistas... é, isso existe... E também existem aqueles que não sabem dizer um "não sei lhe informar" com honestidade...
  • Analisar um pouco ao menos local a ser visitado. O negócio é fazer algumas perguntas a si mesmo: Sou o super-man que é resistente a picada de cobra? Sou alérgico a alguma coisa? Tenho condições físicas para longas caminhadas? Sei nadar? Tenho autocontrole em uma situação de risco? Tenho como contactar alguém em uma situação? Vou precisar de um veículo? É no meio do mato? O que vou comer? O que levar?
  • Novamente: Analisar o local, para poder traçar um roteiro de locais a serem visitados em um menor período de tempo possível, para que sempre possa sobrar tempo e nunca faltar tempo...
  • Como viajante, eu procuro escutar, escutar, escutar e escutar... as conversas com nativos de uma determinada região, em geral são quase monólogos. As pessoas, principalmente mais idosas, adoram falar e falam pelos cotovelos, elas adoram quando alguém escuta... então, o viajante fala pouco, faz apenas perguntas que gerem longos discursos por parte do nativo... e dessa forma, acaba conhecendo fatos históricos que não estão em livro ou registro algum da história daquela região.
  • Observar o comportamento dos outros: Assim como um psicólogo, você tem que observar e copiar... Em terra de romano, use saia também! O ditado só não valeria se fosse em Esparta hahahaha.
  • Viajar em grupos é legal, mas tem como ponto negativo o fato de que tu te envolve bem menos com as pessoas nativas. Tem como ponto positivo a segurança. Viajar sozinho, é mais arriscado, as vezes mais triste, mas tem suas compensações, como dito acima. Ao viajar sozinho atenção redobrada !
  • Observe os outros e seja apenas mais um na multidão... não deixem que notem de longe "Olha lá, turistão, forasteiro", senão, tu vira alvo fácil de malandro....
  • Quanto a hospedagem, sinceramente, eu nunca me preocupei com isso. Qualquer cidade que tu vai (qualquer mesmo, em qualquer cidade, qualquer estado, qualquer país), tu acha um camping, hotel ou pousadinha bem em conta... As vezes, tu até te surpreende com o que tu acha, pelo valor e qualidade de serviço. Já fiquei à beira-mar, com café da manhã, por R$ 15,00 o dia, ao lado de Punta del Este, em uma praia maravilhosa (Piriapolis)...
  • Quanto a alimentação, é meio questão pessoal. Eu quando viajo, tenho uma maneira bem diferente de agir... Saio de manhã muito cedo, com uma mochilinha pequena, contendo a câmera e umas 4 (ou mais) garrafas de água. Compro barras de cereal e algumas frutas, que aguentam o tranco até a noite... daí, a noite, ao retornar, faço uma janta decente, um bom banho e um descanso merecido (em geral, não sou de ir pra festa quando viajo, sou mais da natureza mesmo), então, o valor gasto em rango varia muito do comportamento da pessoa. Eu gasto pouco.
  • Faça todos os passeios que puder. Eu gasto é nisso, até o último centavo hehehhe! O que tiver de passeio legal, eu dentro. Comida é "supérfluo", mas, passeio é único. Tu nunca sabe quando poderá retornar àquele lugar, então aproveite e faça todos passeios ou aventuras disponíveis e possíveis!”

Uma outra questão que abordamos , foi a necessidade da carteirinha de alberguista, fornecida pela Hostelling International (HI). Segundo ele é opcional, mas que nunca tirou ou precisou dela, pois conhece casos de pessoas que foram furtadas em albergues, e principalmente porque tem albergues que custam por volta de R$ 35,00 a R$ 40,00 a diária, sendo que em uma das vezes, ele se hospedou em um hotel bom (com ar condicionado e banheiro no quarto), com café da manhã, por R$ 25,00.

O que ele, e qualquer outro mochileiro deve prezar é pela aventura, conhecer novos lugares, pessoas e culturas, sem fazer muito plano, sem se preocupar com conforto, e sim com a experiência e bagagem cultural que irá adquirir!