segunda-feira, 23 de abril de 2007

Um mochileiro pelo mundo. (Continuação)




Blue Mosque - Istambul
Arquivo Pessoal


Por Lú Alessandra

Sei que você está ansioso para terminar de ler sobre o André e sua “trip” pelo mundo, então vamos direto, sem delongas.

LA - Tem alguma coisa que se arrependeu de não ter levado na mochila?

AR - Uma coisa que eu senti falta foi a minha rede de Camping, onde além de poder arrumar lugares para dormir na faixa, ainda em alguns trens lotados da Índia poderia ter sido uma solução excelente. Todo o resto que foi faltando você encontra no caminho e consegue comprar, como foi o caso de uma bússola quando estava na Croácia, e peguei uma carona, adormeci e não tinha a mínima noção para onde o motorista do caminhão estava me levando. Assim que achei comprei uma!!
LA- E o que levou que você disse: "Pra que eu trouxe isso?”
AR - Eu não diria que me arrependo, pois trouxe para fazer uma viagem com maior conforto, mas uma coisa que eu trouxe e foi totalmente desnecessário, são cerca de 10 DVD's em músicas. Não são funcionais, pois tenho um MP3 e vou trocando as músicas nas Lan-houses que paro.
LA - Como você definiu o roteiro?
AR - Quando você está mochilando, o roteiro é mudado muitas vezes, assim como troca de camisa!! O primeiro roteiro que tinha era de sair no verão da Europa pela Rússia, pegar a Transiberiana e cair na China. Porém só o visto da Rússia era uma fortuna, além do da Mongólia, ai decidi ir "por baixo". Estava no sul da Croácia e fui proibido de entrar em Montenegro, pois brasileiro precisava de visto para ir nesse país, e tive que contornar pela Servia. Depois vi que não daria para cruzar Myanmar por terra, e como tinha ganhado uns presentes de Natal, usei comprando uma passagem aérea da Índia pra Bangkok (Tailândia). Só ai você já viu que roteiro não existe, a circunstância é que faz o seu roteiro. Uma coisa, que eu acho muito importante é que numa viagem dessa, é quase que impossível fazer com mais alguém. Precisa estar sozinho para tomar as decisões e se der problema somente VOCÊ será responsável pelos seus atos. Muitos mochileiros que eu cruzei na minha trip, que começaram com mais alguém, se separaram ou apenas um continuou. Viagem de férias por uma ou duas semanas é tranqüila. Agora passou de 2 (dois) meses o negócio começa a esquentar.




O André está diferente nesta foto
(arquivo pessoal) pela necessidade
de ficar semelhante aos habitantes do
país que na maioria usam barba.


LA - Qual o local que mais te impressionou? Por que?
AR - Acho que foram dois a Croácia e o Paquistão. A Croácia! Por ser um país no sudeste europeu que ninguém dá muito valor e, no entanto tem um litoral maravilhoso e um povo muito culto, onde quase todos falam inglês e são muito receptivos ao turista. No Paquistão apesar de ser um país paupérrimo, o povo nasce e aceita a sua condição de vida que lhe foi imposta, assim sendo felizes com seus costumes e hábitos. Lógico que muito sofrido pelas guerras, no entanto as pessoas tratam o estrangeiro muito bem. E olha que a cidade em que eu estive, segundo o ex-cônsul da embaixada brasileira, foi em uma das cidades mais “barra pesada” do país; Quetta.
LA - O que nesta viagem te dá mais prazer ou você diz: “ Nossa é demais!!!"?
AR - Ah, tudo. Cada cidade em que você visita, cada encrenca que você acha a solução, cada copo de cerveja com aquele amigo que você conheceu há 5 minutos na estrada... Numa trip dessas você aprende a dar valor e ficar feliz com as pequenas coisas, essas que no dia a dia passariam despercebidas. Além que é claro...não e por nada não, mas o reconhecimento de amigos ou pessoas como você que falam: "caramba, que coragem que você teve de fazer isso!!". Juro que não é coragem basta querer!! A reação das pessoas por e-mails é uma coisa que eu gosto muito.
LA - O que você diria a quem pensa em realizar uma viagem como esta, um conselho básico? AR - Conselho? Se conselho fosse bom não dava, vendia!! Risos... Mas acho que se alguém quer fazer uma viagem como a minha, é não ter medo de encarar a vida. Saber manter o bom humor mesmo que tudo esteja dando errado e ser determinado, assim não desistindo no primeiro problema que apareça. Saiba dar valor as coisas pequenas, respeite os demais. Acho que é isso, não tem muito segredo.
LA - Se pudesse definir tudo o que sentiu neste tempo e que ainda vai acontecer como seria? AR - Definirei em uma palavra, e me desculpa a palavra, mas não achei outra: Du ca...!! Não me arrependo de nada e se pudesse faria de novo!!
Espero ter contribuído.Se cuida... me escreva sempre!!
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